13/10/2010
Consumindo menos energia em 2011

O governo começa a proibir, a partir do próximo ano, a produção e a comercialização de eletrodomésticos - aquecedores de água e gás, fornos e fogões a gás, condicionadores de ar, refrigeradores e congeladores - que consomem muita energia. O Programa de Metas dos Eletrodomésticos, criado em 2001 durante o racionamento de energia, fixará a data limite para a fabricação ou importação dos produtos em 31 de dezembro de 2011. E, a partir de janeiro de 2013, nenhum deles poderá ser vendido no país. O uso de um único equipamento mais eficiente pode reduzir a conta de luz em até R$ 188,32 ao ano - caso da instalação de um aparelho de ar condicionado Split com selo Procel.

Caberá ao Instituto de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) fazer a fiscalização, o acompanhamento e a avaliação do cumprimento das metas. O ministro de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, disse que o Plano de Expansão do setor para 2030 prevê que 10% do consumo de eletricidade será atendido com medidas de eficiência energética. Por isso, é importante a produção de equipamentos que consomem menos:

- Eles vêm sendo privilegiados em todo o mundo, porque têm um impacto muito grande.

O programa federal não prevê a substituição dos aparelhos gastadores que os consumidores têm em casa. Mas a possibilidade de economizar com a troca, ao longo do tempo, é um atrativo com o qual o governo conta. No caso do ar-condicionado tipo split, de uso residencial, a queda mensal do consumo de energia é de até 75 kWh/mês ou de R$ 36,30 mensais.

O aparelho eficiente de 12.000 Btu/hora custa R$ 1.699, cerca de R$ 250 a mais do que o tradicional. O consumidor recupera sua opção pela eficiência em sete meses de uso. O investimento inteiro se paga com quatro anos e três meses de consumo.

Geladeira consome menos R$ 116

A diferença entre um refrigerador de uma porta com 15 anos e um novo, com selo Procel de eficiência, pode chegar a R$ 116,13 por ano na conta de luz. A opção pela eficiência também gera economia para a sociedade. A substituição das lâmpadas incandescentes pelas fluorescentes compactas chega a 5.544 GWh/ano ou 6% da produção anual da Usina de Itaipu. Esta energia é suficiente para atender 3.031.496 residências por um ano.

A funcionária pública Jaylene Ferreira, 45 anos, mora em uma casa com quatro quartos e quatro banheiros, com o marido e os três filhos adolescentes. Segundo ela, é muito difícil economizar energia. A conta de luz este mês foi de R$ 167, mas já chegou até a R$ 191. Ao comentar sobre o tempo de uso dos eletrodomésticos, ela disse que o mais antigo é o freezer, que comprou antes do apagão de 2001.

Jaylene afirma que desliga vários aparelhos durante a noite. A geladeira tem cerca de dez anos. Por outro lado, o fogão é novo. Na cozinha, ela possui ainda um forno de microondas e um forno elétrico, com cerca de quatro anos, comprados na mesma época. Ao ser perguntada por que não comprava produtos mais novos, que consomem menos energia, disse:

- Vontade eu tenho, mas falta dinheiro.

Mesmo sem a troca, porém, é possível diminuir o peso do uso dos eletrodomésticos no bolso. O gerente de Suporte ao Programa Nacional da Racionalização do Uso dos Derivados do Petróleo e do Gás Natural (Conpet) , Lucio Cesar de Oliveira, disse que atualmente existem 650 modelos de fogões e fornos domésticos a gás no mercado brasileiro. Destes, cerca de 400 modelos tem o Selo Conpet de eficiência. Dos 300 modelos de aquecedores de água a gás, 220 receberam o selo.

Um fogão novo com o Selo Conpet é 20% mais eficiente do que um modelo antigo. Segundo o gerente, se uma pessoa optar por um fogão com o selo e tiver hábitos de consumo de uso eficiente do equipamento, poderá economizar cerca de 20% no consumo de gás. O custo de um fogão popular, de cerca de R$ 400, poderia ser coberto em até cinco anos com esta economia:

- A aquisição de um fogão com o Selo Conpet equivale a ganhar, anualmente, em torno de dois meses a mais do consumo de gás da família.

Ele disse ainda que, para garantir a segurança e a eficiência energética, é recomendável fazer revisões nos equipamentos a cada dois anos. O técnico dá uma dica para verificar se o fogão está funcionando bem: prestar atenção na cor da chama do gás, que dever ser sempre azulada. Se estiver amarelada, indica que os queimadores podem estar desregulados ou sujos, consumindo mais gás.

A indústria já vem se adaptando

Dentro do programa de eficiência, os fabricantes terão que fazer adaptações em suas plantas industriais, segundo a Eletrobras. Mas Oliveira explica que as novas regras são informadas com antecedência, e a indústria vem se adaptando há algum tempo. Portanto, não há justificativas para que os novos produtos sejam mais caros.

As novas normas estão sendo estudadas pelo governo, indústria e Inmetro e estão passando por consultas públicas no país e na Organização Mundial do Comércio (OMC), já que a proibição atingirá produtos importados também. No próximo dia 19, acontece a audiência pública no Ministério de Minas e Energia.

Fonte: O Globo

 
 
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