30/1/2017
Pesquisadora cria dispositivo para AC
Depois de mais de uma década de pesquisa, a professora Brenda Chaves Coelho Leite, da Escola Politécnica (Poli) da USP, criou um equipamento para acabar com a briga em torno da temperatura do ar-condicionado principalmente nos locais de trabalho. Aquela velha história em que um grita: “diminui o ar”. Depois outro vai lá bem quieto e aumenta o ar-condicionado. E fica a briga entre a turma do frio e a turma do calor.

Para acabar com essa rusga comum em salas com muitas pessoas, a única saída seria criar um aparelho que permitisse a cada um dos trabalhadores de uma sala ajustar o microclima às suas preferências. E assim surgiu o DCTI (Dispositivo Terminal de Sistema de Climatização para Conforto Térmico Individualizado). O DCTI é uma saída de ar com um bocal que pode ficar em cima da mesa, encaixado por baixo dela a um tubo que conduz o ar vindo de um sistema de ar-condicionado central.

O funcionamento do aparelho é totalmente mecânico: o ar sobe pelo tubo conectado ao sistema de ar-condicionado e passa por um diafragma na parte inferior do bocal do DCTI, saindo na parte superior, acima da mesa, através de palhetas que lembram as pás de um ventilador, com uma leve torção. Para regular a abertura do diafragma e das palhetas há dois botões deslizantes, e a saída de ar pode ser direcionada manualmente para os lados, para cima ou para baixo.

“O diafragma permite o preenchimento total do espaço do bocal pelo ar, que passa por ele, dependendo da abertura regulada, em formato de cilindro ou de tronco de cone. Ele percorre a distância calculada da entrada à saída, e então encontra essas palhetas torcidas, que também têm uma abertura, mas pequena. Esse formato garante a quebra da velocidade do ar e o seu espalhamento, o que chamamos de fluxo de alta indução, com baixa velocidade e grande alcance”, explica a professora.

O direcionamento do bocal segue o princípio das saídas de ar-condicionado de um carro. Regulando esses mecanismos, é possível mudar a temperatura de um microclima sem efetivamente mexer na temperatura do ar-condicionado central, apenas alterando manualmente a vazão e o direcionamento do ar. “A função do DCTI é apenas criar o microclima de acordo com as preferências de cada um, acabando com o problema de desconforto e as reclamações das pessoas”, diz.

Além disso, o DCTI proporciona economia de energia, um dos principais problemas do ar-condicionado. Segundo a professora, para gerar uma temperatura de 23 graus, que agrada a maioria das pessoas, um sistema normal de ar-condicionado precisa resfriar o ar a 13 graus. Com o DCTI, é possível chegar à mesma temperatura a partir de um resfriamento a apenas 21 graus. “É um ganho de quase 10 graus e uma economia brutal de energia”, ressalta.

Uma série de protótipos em resina do dispositivo foi produzida para ser usado em testes no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), e Brenda entrou com um pedido de patente em 2012. Segundo ela, o DCTI já está pronto para ser comercializado. “Estamos em busca de investidores para produzi-lo em larga escala, seja em ABS ou mesmo em plástico reciclável, para reduzir o custo”, comenta.

Fonte: Carta Campinas
 
 
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