Hora da retomada

Com o momento econômico negativo do País e temperaturas abaixo da expectativa no verão em algumas regiões, o mercado de ar condicionado viu seu desempenho despencar no ano passado e no primeiro semestre de 2016.

O impacto ainda está sendo sentido, tanto nos modelos residenciais quanto comerciais, sobretudo devido à alta taxa de desemprego no período e ao fechamento precoce de micro e pequenos negócios.

A Elgin foi uma das que sofreram com uma brusca queda de 20% nas vendas do produto em 2015 e tem buscado readequar-se à atual situação econômica do País para retomar o crescimento no próximo ano. “Para o segundo semestre, estamos otimistas, porém o estrago dos primeiros meses do ano foi muito grande”, afirma Andrea Denise de Lima, gerente de produtos da empresa.

Na Electrolux, não é diferente. Após sentir na pele as consequências da recessão da economia, a gigante do setor de eletrodomésticos faz planos modestos para este ano, mas confia num segundo semestre mais movimentado.

“No caso da linha residencial, outro fator negativo foram os altos níveis de estoque do varejo ao final da sazonalidade em 2015. Em 2016, a fim de mitigar esse risco, indústria e varejo foram mais conservadores em suas previsões, a fim de equalizar estoques e se preparar para a temporada 2016/2017”, analisa Mariana Marcondes, gerente de produtos de conforto residencial da empresa.

A boa notícia é que o potencial de retomada do setor no Brasil é alto, devido ao próprio fato de menos de 20% das residências contarem com estes equipamentos, enquanto nos países desenvolvidos este índice chega a 90%.

Para o gerente de marketing e produtos da Daikin, Nilson Murayama, o mercado de splits residenciais e comerciais já está pronto para voltar a crescer, impulsionado também pela retomada da indústria da construção civil. “Temos uma visão otimista quanto a este cenário”.

Igualmente positiva é a análise do gerente de marketing de produto da Midea Carrier, Rodrigo Teixeira, ao lembrar que o País tem hoje o quinto maior mercado de ar condicionado residencial do mundo e o mais representativo no segmento de splits na América, considerando inclusive o dos Estados Unidos.

“Nos últimos anos, o segmento de splits mudou de patamar, com milhões de unidades sendo vendidas. Avaliamos que há ainda muito espaço para crescer e vamos buscar atender essa demanda”, aponta Teixeira.

RETOMADA EM GRANDE ESTILO

Uma das principais novidades que a empresa preparou para a temporada de verão 2016/2017, diante deste cenário, é a união das marcas Springer e Midea, colocando no mercado produtos com a submarca Springer Midea.

O objetivo, com isso, é reforçar a presença da companhia no ramo de climatização e trazer sinergia para o crescimento em conjunto com suas demais linhas de produtos de cozinha, refrigeração e eletrodomésticos. No segmento de splits, a aposta está nos modelos Springer Midea Inverter e Springer Midea Split. “O primeiro possui o exclusivo sistema inverter com ‘Modo ECOnoite’, que economiza até 74% no consumo de energia comparado aos splits comuns. Além disso, o sistema de filtragem Ar+Puro HD Ion elimina até 99,9% dos vírus e bactérias, incluindo o H1N1", destaca Teixeira.

O modelo é compatível com o novo ‘Kit Wi-Fi Midea’, em que é possível programar o aparelho a distância por meio de um aplicativo para smartphones e tablets.

Já o Springer Midea Split conta com Selo Procel – exceto na capacidade 22.000 BTU/h quente e frio – e utiliza o fluido refrigerante ecológico R410-A, atóxico, não inflamável e inofensivo à camada de ozônio.

A Elgin é outra que acaba de lançar uma nova linha de splits, apostando na retomada do setor nos próximos meses. Trata-se do Eco Inverter, disponível nas capacidades de 9.000 a 24.000 BTU/h e nas versões frio e quente/frio.

Um dos seus diferenciais é a possibilidade de desligar o display apertando-se a tecla “visor” do controle remoto para a luz não incomodar durante a noite. Com o filtro ionizador Ion Air, o aparelho promete manter o ambiente limpo e saudável, eliminando até 99% de vírus, bactérias e ácaros.

Possui ainda a função limpeza da evaporadora, na qual o ventilador é acionado após desligar a unidade, a fim de manter o evaporador seco e limpo e evitar odores indesejáveis.

“Toda a linha trabalha com o gás ecológico R-410A e possui tecnologia inverter com economia energética de até 40% e classificação de energia ‘A’ no Inmetro e Selo Procel”, acrescenta a gerente de produtos da empresa. A LG também projeta forte crescimento do mercado Inverter e aposta com afinco na categoria que proporciona melhor custo-benefício ao consumidor, desenvolvendo produtos com design moderno e elegante. Entre os modelos de destaque da marca estão o Libero Artcool, o Libero E+ e o recém-lançado Teto Inverter V. “Contamos com uma das linhas mais completas de soluções em condicionadores de ar no Brasil, com produtos que abrangem as áreas residencial e comercial”, diz Carlos Estevam, especialista de climatização doméstica da empresa.

“Até alguns anos atrás, o ar-condicionado podia ser considerado um item de luxo. Hoje em dia, a diversidade de ofertas de produtos e facilidades de crédito tornaram o produto mais acessível. Em algumas regiões do País, ele já é um item de necessidade, devido às condições climáticas, e a LG também aposta na desmistificação do aparelho nas demais localidades”, afirma.

Já na Electrolux, o último lançamento são os splits com conexão wi-fi via aplicativo de celular, que permite o controle do aparelho de qualquer lugar da casa e perfis pré-selecionados baseados nos hábitos dos brasileiros. “Com isso, o produto se aproxima de algo que já faz parte do dia a dia do consumidor, livra todos do controle remoto, que hoje é considerado antiquado, e proporciona uma interação mais intuitiva”, explica Mariana Marcondes.

Na Komeco, por sua vez, uma das apostas mais recentes é a Nova Maxime, com display invisível e bio filtro composto por uma enzima biológica especializada e filtro ecológico para reter partículas pequenas de poeira e neutralizar bactérias, fungos e micróbios.

Trocador de calor com camada blue fin – que previne a proliferação de bactérias e protege contra a formação de óxido de alumínio –, proteção contra raios UV, pintura anticorrosão e serpentina de cobre são algumas das principais características do equipamento.

FOCO NA MÃO DE OBRA ESPECIALIZADA

Os altos investimentos em novidades tecnológicas visando o conforto e o bem-estar do usuário, porém, em muitos casos são prejudicados pelo baixo índice de mão de obra especializada no setor.

“Quando um técnico não realiza o trabalho adequadamente, pode trazer prejuízos ao produto e a responsabilidade pode recair sobre a marca, porque nem sempre o consumidor entende que as assistências técnicas não são administradas pela marca do produto”, assinala Vinícius Machado do Amaral, gestor de marketing da Komeco.

“Nós temos uma grande preocupação em credenciar os técnicos e oferecer treinamento para evitar esses problemas”, complementa.

Tal cenário também é alvo de cuidado especial na Daikin, reconhecida pelo seu alto investimento em treinamento no mercado de splits, multi splits, linhas VRV e Applied (chillers). “Nosso centro de capacitação no Senai tem um papel fundamental nesse trabalho, ministrando treinamentos o ano todo para capacitar o instalador e dar a ele o subsídio necessário para executar um serviço cada vez melhor”, destaca Nilson Murayama.

Para a gerente de produtos de conforto residencial da Electrolux, Mariana Marcondes, o instalador tem papel fundamental não apenas por ser o responsável pela instalação do produto, mas também na qualidade de quem muitas vezes faz a compra, recomenda marcas e, posteriormente, realiza a manutenção.

“Um trabalho competente de instalação é importante, pois a principal causa de problemas da categoria é uma má instalação. Por essa razão recomendamos que nossos consumidores procurem a rede autorizada para instalação de seu produto pois, além de atenderem aos nossos rigorosos critérios, são especialistas na instalação de nosso produto especificamente”, frisa ela.

Na avaliação da gerente de produtos da Elgin, Denise de Lima, a grande maioria dos problemas de defeitos de ar-condicionado é causada por má instalação, e não por problema de fábrica ou de projeto, o que tem feito as empresas treinarem e credenciarem os instaladores para evitar instalações em desacordo com os padrões e normas brasileiras.

“Uma boa instalação deve seguir corretamente o manual que acompanha o equipamento e ser feita por um instalador credenciado. Em todos os splits, é necessário fazer a manutenção preventiva, a fim de aumentar a vida útil do equipamento”, resume.

A forte preocupação das empresas em aprimorar a mão de obra responsável pela instalação de suas soluções é sintomática em relação ao amadurecimento do mercado nos últimos anos.

Num momento de crise como o vivido atualmente, o foco em cada detalhe e a busca constante por reinventar a maneira de conceber os seus produtos e aprimorar os serviços é o que tem feito a diferença para as companhias que seguem firmes no setor.

Com sinais cada vez mais fortes de que o Brasil começa a deixar o fundo do poço, sairá na frente quem melhor soube se adaptar ao período recessivo e identificar as oportunidades que, certamente, passarão a surgir nos próximos meses.
 
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